Rios São Francisco
Falham primeiros testes da Transposição
Obras da transposição em Floresta PE
As já atrasadas e polêmicas obras de Transposição do Rio São Francisco tiveram mais uma falha nesta terça-feira (14). Desta vez, segundo fontes, o problema foi nos primeiros testes para o bombeamento de água do lago de Itaparica, às margens da cidade de Petrolândia, no Sertão pernambucano, objeto de mais discussão nesse fim de semana devido à situação na barragem, que está com 17% da capacidade total.
O Ministério da Integração Nacional deve se posicionar nesta quarta (15) sobre o assunto.
De Itaparica, a água deverá ser bombeada por mais de 60 metros de altura até um aqueduto que a levará por gravidade até Areias, outra das barragens no caminho das águas. Os primeiros seis quilômetros estão preenchidos com água no canal de aproximação, que vai da Barragem de Itaparica até a estação de bombeamento EBV1.
“Nenhum teste deu certo desde ontem, às 14h. O pior é que não sabem exatamente qual é o problema”, contam fontes, em reserva. De acordo com essas informações extraoficiais, pode ter havido falhas técnicas e elétricas, como o travamento e o retorno da água, por exemplo. Duas das quatro bombas foram testadas desde essa segunda-feira, já que as outras ainda não foram instaladas.
Segundo o diretor de operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Mozart Arnaud, a subestação responsável pela energia que abastece as bombas, em Floresta, na mesma região, está em funcionamento.
Para lideranças políticas na região, em função do segundo turno das eleições, houve pressa para adiantar os testes por questões eleitoreiras: uma suposta visita da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, à obra, para gravações do guia eleitoral, chegou a ser especulada.
“Se essas pessoas trabalhassem no Luz para Todos, o Brasil inteiro já estaria energizado”, afirmou um interlocutor do Governo Federal na região.
Uma mobilização da população rural de Petrolândia, às margens da barragem onde a água é retirada, tentou impedir o acesso às obras, alegando que a retirada da água do lago para os testes iria prejudicar o abastecimento no município, foi contida pela Força Nacional de Segurança nessa segunda.
Também fez parte do protesto a reclamação de que a água ficará parada na barragem de Areias. Dessa forma, como afirmou o ministério em nota, o cronograma continuou com o fim do protesto. Segundo o órgão, até o final deste ano, a primeira etapa estará em pré-operação.
De acordo com Mozart Arnaud, ao contrário do que os manifestantes diziam, o que será retirado do reservatório é “desprezível”.
“Não existe colapso de abastecimento, o que existe é uma dificuldade”, afirma.
A vazão atual do Rio São Francisco é de 1,1 mil metros cúbicos por segundo e as bombas vão puxar 7 metros cúbicos por segundo. Normalmente, a vazão é de 2 mil metros cúbicos por segundo, mas a diminuição é atribuída à seca.
O objetivo da Transposição é levar água para mais de 12 milhões de moradores de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O relatório de execução física de julho mostrava que o empreendimento está 62,4% concluído. As obras seguiam então com 11.400 trabalhadores e mais de 3.900 máquinas em ação.
A obra, orçada em R$ 8,2 bilhões, tem dois longos canais. O Eixo Leste beneficiará Pernambuco e Paraíba e o Norte levará água para esses Estados, o Ceará e Rio Grande do Norte. A obra começou em 2007, na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, orçada em R$ 4,5 bilhões. O Eixo Leste deveria sair em 2010 e o Norte, em 2012. O funcionamento da primeira etapa da obra foi adiado em dois anos, para até setembro de 2016.
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