Enquanto o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), diz que só decidirá em 2014 se deixa a base do governo de Dilma Roussef, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que o socialista já é um "dissidente".
A declaração veio durante o simbólico cozido servido na casa de praia de Jarbas, na região metropolitana do Recife, na tarde deste sábado (23), do qual Campos participou.
"Na proporção que ele [Eduardo] continua dizendo que o governo andou, que o governo transformou, modificou, que o governo avançou, mas poderia ter avançado muito mais, então é uma dissidência", disse Jarbas, referindo-se à reportagem da Folha publicada há uma semana que revelou bastidores do encontro do governador com empresários em São Paulo.
Na ocasião, Campos disse que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma.
O senador deixou claro que a afirmação sobre a dissidência "é uma análise pessoal", mas falou sobre o assunto ao lado do governador.
Ex-desafeto político de Campos e aliado desde as eleições municipais do ano passado, Jarbas disse ainda que tem promovido conversas entre o governador e senadores. Ele afirmou que muitos colegas têm mostrado interesse em conversar com o provável candidato à Presidência da República.
"No Senado, está quase todo mundo, metade do Senado, ou mais da metade do Senado querendo conversar com ele", afirmou o senador, que completou: "isso não é uma frase de efeito. É uma frase verdadeira".
O senador disse que há "gente da base do governo" interessada na aproximação com Campos e citou como exemplos os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
Os encontros, segundo Vasconcelos, ainda não aconteceram por incompatibilidade de agendas.
O próprio governador admitiu que tem conversado com membros de várias siglas. "São pessoas dos mais diversos partidos e isso é natural que aconteça. Eu já fazia isso e estou fazendo com maior intensidade porque é fato que eu estou sendo mais procurado por lideranças políticas", disse Eduardo Campos.
O governador, no entanto, diz que as conversas não giram em torno de eleições. "Tenho conversado em termos políticos. Não tenho conversado em termos eleitorais", afirmou.
LULA E DILMA
Apesar de falar no tema, Jarbas disse que não é o momento para discutir eleição e criticou o ex-presidente Lula por antecipar o debate, ao lançar a presidente Dilma à reeleição.
"Isso que a gente está conversando agora, no dia 23 de março, é uma estupidez. A gente está discutindo questão eleitoral por conta de Lula, que lançou Dilma e arrastou dissidentes, no caso de Eduardo, arrastou Aécio [Neves (PSDB), senador], que é oposição.
Ao ser questionado sobre o cancelamento de parte da agenda que Dilma tinha prevista em Pernambuco na segunda-feira (25), Jarbas disse preferir não falar, mas criticou a petista, acusando-a de fazer campanha eleitoral antecipada.
"Ela está andando eleitoralmente em todo o canto. Onde ela vê um cheiro eleitoral, ela anda", disse o peemedebista.
SERRA
Jarbas Vasconcelos apoiou a decisão de Eduardo Campos de procurar o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) por entender que o tucano está desconfortável em seu partido.
"Se eu estivesse no lugar de Eduardo, faria exatamente o que ele está fazendo. Serra está numa situação de desconforto dentro do PSDB? Está. Então procura Serra, anda com Serra. É natural", afirmou.
Em entrevista à
Folha, Serra disse que a candidatura de Campos "é boa para o Brasil e para a política". O pernambucano retribuiu com elogios e afirmando que tem mais pontos em comum com o tucano do que com muitos aliados.
A troca de afagos gerou constrangimento dentro do PSDB. Neste sábado, Eduardo Campos disse que, da última vez que encontrou o senador Aécio Neves em Brasília, ficaram de conversar quando o pernambucano voltasse à capital federal.
PESQUISAS
Nem Eduardo Campos nem Jarbas Vasconcelos quiseram comentar as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste sábado. Ambas mostram ampla vantagem de Dilma Rousseff.
Segundo a Datafolha, Eduardo Campos tem 6% das intenções de voto, enquanto Dilma tem 58%.
"Eu não costumo comentar pesquisa. Nunca fiz isso nem quando eu estava candidato, muito menos numa situação como esta", disse o governador.
"Eu acredito em pesquisa, sempre trabalhei com pesquisa. Vai ter tanta pesquisa este ano. Eu tenho coisas mais importantes para fazer", afirmou.
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