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terça-feira, 5 de março de 2013


Uma agenda à procura de um partido

O PT não ganhou com a saída de Marina Silva, que deixou o partido em agosto de 2009. 

E Marina ainda precisa provar que a ruptura fortaleceu a agenda ambiental no país. 

O debate sobre o tema guarda silencio obsequioso no interior do partido desde então.

Mas mereceu sintomática salvaguarda de princípios nas conclusões do seu IV Congresso, em 2011:

"O Brasil não tratará a questão ambiental como apêndice, senão como parte essencial, de seu projeto de desenvolvimento. Como socialistas democráticos, queremos uma alternativa de civilização ao capitalismo'.

Talvez tenha chegado a hora inadiável de adicionar nervos e musculatura a essa declaração de intenções.

Quatro anos e 18 milhões de votos depois, obtidos na campanha presidencial de 2010, Marina articula um novo partido.

A 'Rede' flerta com a trama evanescente da 'terceira via verde'. 

Nem de esquerda, nem de direita. Nem situação, nem oposição.

Há um tipo de neutralidade que só enxerga os erros da esquerda.

E costuma rejuvenescer o cardápio da direita, sempre que esta se ressente de espaços e agendas para retomar a disputa pelo poder. 

Não será algo propriamente inédito se vier a ocorrer de novo.

No México, os ambientalistas do Partido Verde Ecologista (PVEM), apoiaram o candidato vitorioso da direita, Henrique Peña Nieto, do PRI, contra Obrador.
Na Venezuela, o Movimento Ecológico Venezuelano entregou-se de corpo e alma à candidatura do engomadinho Henrique Capriles Randonski, com a qual golpistas de ontem testam a versão jovem' de hoje. 

Em São Paulo, o PV apoiou José Serra, em 2010.

Em Salvador, embarcou na candidatura vitoriosa do demo Antonio Carlos Magalhães Neto, nas eleições municipais do ano passado.

O ziguezague verde reflete a dificuldade histórica de uma agenda complacente.

Ela agrega desde rótulos espertos de detergentes de limpeza, a militantes sinceros da resistência à destruição da natureza.

O ambientalismo precisa decidir se quer ser um rótulo, uma tecnologia ou uma proposta de nova sociedade.

Quer ser um guia de boas maneiras para o 'capitalismo sustentável'; ou um projeto alternativo à lógica desenfreada da exploração da natureza e do trabalho.

Não são escolhas postergáveis.

O mesmo se pode dizer em relação às do PT.

A dissociação entre a sigla e o empenho específico em evitar que a humanidade seja jogada a um ponto de não retorno no século 21, não deixa o partido em situação propriamente confortável. 

Agora mais do que nunca.

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