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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Em jantar com Temer, o PMDB mastigou Dilma

    
Vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer ofereceu na noite desta terça-feira (5) um jantar para congressistas, governadores, ministros e caciques regionais do seu partido. Além do repasto, os convidados mastigaram Dilma Rousseff no Palácio do Jaburu. Morderam também o PT. Entre a entrada e a sobremesa, previram um 2015 inóspito, com crise econômica e turbulência política.
Passaram pelo Jaburu mais de uma centena de políticos. Não houve discursos nem decisões. No jogo de aparências que caracteriza o exercício do poder, o evento fora concebido como uma confraternização que projetasse para fora a imagem de um partido relativamente coeso, pronto para prover a Dilma mais quatro anos de governabilidade.
“O encontro se destina a nos confraternizarmos'', disse Temer ao saudar os comensais. “Por mais que tenhamos divergências localizadas, elas não acontecem em um encontro nacional.''
Na sequência, o que se viu nas mesas e nas rodas foram manifestações de um partido unificado, por assim dizer, no ressentimento e na desconfiança. Líder do governo no Senado, Eduardo Braga, por exemplo, soou como um pemedebista do primeiro grupo. Derrotado na sua tentativa de retornar ao governo do Amazonas, ele se referiu de maneira inamistosa ao governo e, sobretudo, ao PT.
O ex-deputado gaúcho Eliseu Padilha revelou-se um pemedebista do segundo tipo. Amigo de Temer, ele frequenta o noticiário como ministeriável. Mas, questionado sobre seu ânimo, levou o pé atrás. Ministro, eu não poderia indicar nem o cara que serve o cafezinho, brincou Padilha, ecoando uma queixa antiga do PMDB sobre a indisposição de Dilma de ceder ministérios por inteiro —de porteira fechada, como se diz em Brasília.
Referindo-se a Dilma como “essa mulher”, o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, disse que a presidente não merece crédito. Acha que, considerando-se o modo como Dilma sempre tratou o PMDB, o partido tem de “arrancar tudo dela'' se for participar do governo no segundo mandato.
Relator do Orçamento da União de 2015, o senador Romero Jucá anteviu um agravamento da crise econômica. Ouviram-se vozes de concordância ao redor. Uma delas, irônica, disse que Dilma passará pelo vexame de ter de adotar as medidas impopulares que, na campanha eleitoral, acusou o antagonista Aécio Neves de tramar.
Numa das rodas que se formaram no Jaburu, a Petrobras se impôs como assunto incontornável. É grande o potencial destrutivo dos depoimentos prestados sob o manto diáfano da delação premiada, avaliaram todos. Deu-se de barato que uma crise política está por vir. Ali mesmo, no salão da casa do vice-presidente, estavam personagens alvejados pelos delatores. Entre eles Renan Calheiros, presidente do Senado.
Eterno todo-poderoso do Senado, Renan sofrera na véspera uma fissura na sua couraça invisível. Acusado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa de lhe repassar R$ 500 mil em verbas sujas, provenientes de propina, o ex-senador Sérgio Machado teve de se licenciar da presidência da Transpetro, cargo para o qual Renan o indicara em 2003.
A governadora maranhense Roseana Sarney, também alvejada pela petro-delação, disse noutra roda que vai mesmo se retirar da política. Aposenta-se depois de passar a faixa, em janeiro, para o governador eleito Flávio Dino (PCdoB), adversário do clã Sarney.
Blog do Josias de Souza.......

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