A dona de casa Dalva Maria, 49, mora há cerca de 20 anos aos pés do monte onde fica o "corpo" da escultura. "O povo diz que isso é a causa das separações, que é por conta disso que os casamentos duram pouco na cidade", diz. Morando com um companheiro há 30 anos, ela fala que não acredita no santo. "Por isso estou casada até hoje", afirma.
Quem discorda de Maria é a também dona de casa Zulene Ferreira, 57. "Não tem cabeça, mas é bento", defende. "O povo separa porque tem de separar mesmo", afirma a devota do santo casamenteiro.
Divorciada, ela conta que alcançou uma graça por causa de Santo Antônio: ter conhecido o companheiro José Cleaudio Cavalcanti, 41, com quem vive há nove anos perto do monte. "Fui lá em cima para agradecer", revela.
A taxa de divórcios de Caridade é de 42 por cada cem mil habitantes, bem menor que a do Ceará (105 por cem mil) e a nacional (126 para cada cem mil), segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Cabeça pesada
Os moradores contam que a imagem do padroeiro da cidade ficou incompleta por causa do tamanho e do peso da cabeça.
Eles dizem que o corpo foi confeccionado na parte alta da cidade e a cabeça, a cerca de dois quilômetros de distância, no quintal de uma casa na rua 102, no Conjunto Residencial, de onde não conseguiram tirá-la até hoje.
A cabeça virou ponto turístico da rua, "uma das mais movimentadas da cidade", segundo a agricultora Janice Rodrigues, 36. "Julho é o mês com maior movimento. Vem gente de outras cidades para visitar", fala.
Com os planos frustrados de ter uma imagem gigante do padroeiro no topo da cidade, restou aos moradores se contentar com uma estátua menor na entrada de Caridade.
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