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terça-feira, 29 de janeiro de 2013


A Procuradoria-Geral da República e Renan – Vamos botar ordem na bagunça

Vamos botar um pouco de ordem na orgia dos fatos, como pediria certo marquês maluquete. Uma empreiteira arcava com os custos de uma pensão que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pagava à ex-amante e mãe de um filho seu. Sobre isso não há controvérsias, não é mesmo? Ou alguém está disposto a ver alguma?
Não. Não há. As coisas são o que são. Renan tentou demonstrar que tinha renda para arcar com aquelas despesas, coisa da qual nunca duvidei. Segundo sei, poderia financiar creches inteiras ou um harém… Só que optou pelo auxílio da empreiteira.
Ao apresentar as provas de que tinha renda, apareceu lá a grana da venda de uns boizinhos… Muito bem! A Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia ao STF porque viu problemas nessa prestação de contas. E começou a grita contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “Por que só agora?” Gurgel conversou com Felipe Seligman,  da Folha.
Responde: “Não houve e não há qualquer intenção de que isto tenha sido feito por esta ou aquela motivação no momento que se aproxima a eleição para a presidência do Senado. O Ministério Público não pode ficar subordinado a essas questões de conveniência política. Eu procuro ao máximo evitar esse tipo de repercussão das iniciativas do Ministério Público. Por outro lado, não posso ficar subordinado de forma que uma denúncia só possa ser oferecida quando haja qualquer inconveniente político”.
RetomoÉ uma boa resposta. O que querem? Que o Ministério Público só denuncie os políticos quando isso não lhes for atrapalhar a vida? De resto, meus caros, acho que até é pertinente que se discuta a demora no oferecimento da denúncia, que se considere ser esse mais um fator que acaba concorrendo para a impunidade, que se proponham maneiras de acelerar esses procedimentos. No limite, pode-se até criticar a Procuradoria-Geral da República pela morosidade… Tudo aceitável.
O que é inaceitável é deixar que essas especulações e considerações omitam o essencial: as justificativas apresentadas por Renan. Convenham, né? Numa democracia convencional, sem muitas jabuticabas, este senhor há teria sido aposentado pelos fatos. Voltar a disputar a presidência do Senado depois de ter sido obrigado a renunciar a ela? Isso seria impensável.
Querem criticar a Procuradoria-Geral da República pela demora? Vá lá. Também acho que a coisa poderia ter sido feita antes. Usar, no entanto, essa consideração para tentar negar os fatos, aí não dá.
Por Reinaldo Azevedo

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