Escreveu Aristóteles, - sábio grego do mundo antigo-, que o homem distingue-se
dos demais animais por dois fatores; O
instinto e a inteligência. Ainda segundo Aristóteles, desde os primórdios
da humanidade o homem sempre fez parte de uma sociedade em decorrência destes
fatores, que o levaram a buscar a convivência em grupos para proteger-se das
intempéries naturais e também das investidas predatórias de outros animais.
As faculdades de conceber, de compreender e de raciocinar,
fizeram o homem instintiva e
deliberadamente sentir-se superior e organizar-se
socialmente. Estas linhas demarcatórias,
entre os irracionais e o bicho homem, nortearam as condições de vida que
conhecemos até hoje.
Porém fugindo da teoria
aristoteliana, e descendo para a prática
diária, nos deparamos com um
colossal abismo entre o que
sentenciou Aristóteles e o que se pratica no cotidiano, pois o homem dotado de
instinto e inteligência,
sistematicamente tem dado exemplos de que sua capacidade de raciocínio em muitos momentos da vida não justificam a condição de ser supremo, inclusive de
acordo com suposta concepção divina.
E viver em sociedade tem levado a
muitos conflitos que dão a exata dimensão de que algo precisa ser revisto. Não
que passe necessariamente pela reformulação da tese aristoteliana, “algo
impossível”, mas uma mudança de posicionamento social.
E dentre tais mudanças, o
conceito de justiça social, deve ser melhor observado e refletido, pois segundo
Aristóteles a justiça social consiste na
igualdade de tratamento para os iguais e no tratamento desigual para os que têm
méritos desiguais. Quando um destes princípios parciais de justiça social é
aplicado isoladamente, cria conflitos: os possuidores de poder tendem a generalizar a sua desigualdade
relativa, sobrepondo-se sistematicamente aos não aquinhoados com a mesma
situação. Seja econômica, política ou social.
A visão ambiciosa de Aristóteles exige que a igualdade social seja mais
do que uma associação fundada para a segurança e defesa para garantir uma
sobrevivência dentro dos conflitos. A sociedade é uma comunidade de aldeias e
de famílias, baseada na amizade entre seres humanos e a amizade apenas se
alcança através da realização do supremo bem. A realização de ações dignas da
sociedade exige a participação dos indivíduos virtuosos; não é um luxo;
é indispensável para contribuírem com as excelências de que a sociedade carece.
A fidelidade e a consistência do método de Aristóteles pode ser bem apreciada
nesta elevação do problema politológico do conflito de classes - que ele
reconhece - ao nível da consideração ontológica sobre os fins da existência
humana.
Por Carlos Kté Santos.
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