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domingo, 6 de abril de 2014

Instinto, inteligência e sociedade

Escreveu Aristóteles, - sábio  grego do mundo antigo-, que o homem distingue-se dos demais animais por dois fatores; O instinto e a inteligência. Ainda segundo Aristóteles, desde os primórdios da humanidade o homem sempre fez parte de uma sociedade em decorrência destes fatores, que o levaram a buscar a convivência em grupos para proteger-se das intempéries naturais e também das investidas predatórias de outros animais.
As faculdades  de conceber, de compreender e de raciocinar, fizeram  o homem instintiva e deliberadamente  sentir-se superior e organizar-se socialmente.  Estas linhas demarcatórias, entre os irracionais e o bicho homem, nortearam as condições de vida que conhecemos até hoje.
Porém fugindo da teoria aristoteliana, e descendo para a prática  diária, nos deparamos com um  colossal abismo  entre o que sentenciou Aristóteles e o que se pratica no cotidiano, pois o homem dotado de instinto e inteligência,  sistematicamente tem dado exemplos de que sua capacidade de  raciocínio em muitos momentos da vida não justificam  a condição de ser supremo, inclusive de acordo com  suposta concepção divina.
E viver em sociedade tem levado a muitos conflitos que dão a exata dimensão de que algo precisa ser revisto. Não que passe necessariamente pela reformulação da tese aristoteliana, “algo impossível”, mas uma mudança de posicionamento social.
E dentre tais mudanças, o conceito de justiça social, deve ser melhor observado e refletido, pois segundo Aristóteles  a justiça social consiste na igualdade de tratamento para os iguais e no tratamento desigual para os que têm méritos desiguais. Quando um destes princípios parciais de justiça social é aplicado isoladamente, cria conflitos: os possuidores de  poder tendem a generalizar a sua desigualdade relativa, sobrepondo-se sistematicamente aos não aquinhoados com a mesma situação. Seja econômica, política ou social.
A visão ambiciosa de Aristóteles exige que a igualdade social seja mais do que uma associação fundada para a segurança e defesa para garantir uma sobrevivência dentro dos conflitos. A sociedade é uma comunidade de aldeias e de famílias, baseada na amizade entre seres humanos e a amizade apenas se alcança através da realização do supremo bem. A realização de ações dignas da sociedade exige a participação dos indivíduos virtuosos; não é um luxo; é indispensável para contribuírem com as excelências de que a sociedade carece. A fidelidade e a consistência do método de Aristóteles pode ser bem apreciada nesta elevação do problema politológico do conflito de classes - que ele reconhece - ao nível da consideração ontológica sobre os fins da existência humana.

Por Carlos Kté Santos.

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