CONVENÇÃO
Oposição apresenta série de ações contra Dilma
após agravamento da crise que atinge governo
Diante do agravamento da crise política e de
novas denúncias que vieram à tona, a oposição
apresentou nessa terça-feira (30) uma série de
ações contra Dilma. “A presidente perde a cada
dia as condições de governabilidade. Reitero o
que disse na segunda-feira: ela não está bem e
é preciso que nós, enquanto oposição, tomemos
as medidas necessárias para proteger o país e
a verdade”, destacou o senador Aécio Neves
(MG), que recebeu em seu gabinete lideranças
do PSDB, DEM, PPS e Solidariedade, inclusive os
deputados tucanos Carlos Sampaio (SP), Nil- son Leitão (MT) e Bruno Araújo (PE). Crime deextorsão
Diante das revelações trazidas pela divulga- ção do conteúdo da delação premiada do dono
da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, foi entregue
à tarde uma representação na Procuradoria Ge- ral da República pelo crime de extorsão contra
a própria presidente da República e o então
tesoureiro da campanha de Dilma e atual minis- tro da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva.
De acordo com Aécio, a delação deixa clara que
houve uma chantagem explícita: a continuidade
das obras da UTC com o governo dependia de
mais doações ao PT.
“O senhor tem obras no governo e na Pe- trobras. O senhor quer continuar tendo?”, teria
perguntado Edinho em um encontro, segundo a
delação premiada. De acordo com o Pessoa, foi
com a verba desviada da Petrobras que a UTC
doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006
e Dilma em 2014. Diante disso, a avaliação
da oposição é a de que os repasses de R$ 7,5
milhões feitas pela empreiteira à campanha
presidencial do PT em 2014 foram fruto de gra- ve ameaça realizada pelo então tesoureiro da campanha de Dilma.
Pedaladas continuam
Uma outra medida é uma representação ao
Tribunal de Contas da União denunciando que
as chamadas “pedaladas fiscais” continuaram
em 2015. A oposição quer que as manobras se- jam investigadas junto com as contas de 2014,
que estão em análise pelo TCU. De acordo com
Aécio, as infrações à Lei de Responsabilidade
Fiscal prosseguem: de acordo com reportagem
da “Folha de S.Paulo” do último dia 22, as peda- ladas com bancos estatais continuam: o Tesouro
ampliou em R$ 2 bilhões a dívida com Caixa e
BB devido a um represamento de repasse para
programas sociais.
Além disso, a oposição quer o compartilha- mento da íntegra da delação premiada com
Tribunal Superior Eleitoral, que julga a existên- cia de dinheiro oriundo da propina da Petrobras
na campanha. Em 18 de dezembro o deputado
Carlos Sampaio, na condição de coordenador
jurídico nacional do PSDB, protocolou no TSE um
pedido de cassação do registro de candidatura
de Dilma por abuso de poder político e econô- mico.
Já naquela ação o partido citou a campanha
milionária que superou a soma das despesas de
todos os demais candidatos e o recebimento de
doações de empreiteiras contratadas pela Pe- trobras como parte da distribuição de propinas,
o que caracterizaria o abuso de poder econômi- co. A delação de Ricardo Pessoa coloca a origem
desses repasses sob forte suspeita.
Impeachment e “pixuleco”
Questionado sobre a defesa feita por alguns
parlamentares sobre novo pedido de impeach- ment, Aécio disse que essa não é uma palavra
proibida, mas avaliou que as ações anunciadas
Oposição apresenta série de ações contra Dilma
após agravamento da crise que atinge governo
são o passo a ser dado neste momento. De
acordo com o tucano, tudo está sendo feito com
cautela e responsabilidade.
O presidente nacional do PSDB voltou a
criticar o que classificou de “declarações ab- solutamente incompreensíveis” de Dilma nos
EUA. Para o tucano, a fala de ontem foi constran- gedora. “Em uma visita de Estado aos EUA ela
dá declarações absolutamente desconexas ao
considerar que uma delação dentro da lei para
punir criminosos que assaltaram cofres públicos
pode ser comparada com uma eventual delação
para expor companheiros da luta democrática”,
apontou ao se referir à referência feita pela
petista sobre a atuação de militantes contra a
ditadura militar.
“É importante que alguém diga para a
presidente da República que o que está sendo
investigado não são as doações legais a vários
partidos, mas um achaque”, reforçou. O se- nador lembrou o termo “pixuleco”, que seria
usado pelo então tesoureiro petista João Vaccari
Neto para se referir à propina cobrada da em- preiteira. “Ela tem que responder a isso. Não é
possível que ela continue querendo zombar da
inteligência dos brasileiros”, concluiu.
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