Genuinamente cearense, empresa está presente em todo Norte e Nordeste
Empresa é líder de mercado em alguns produtos
Na contramão da crise instalada no país, uma empresa genuinamente cerense, localizada em Caucaia, mais precisamente no distrito da Grande Jurema, a CIGEL, controlada pelo empresário Paulo Gurgel e sua família, vem mostrando que mesmo na adversidade, pode haver sucesso no que se faz.
Seu controlador principal, Paulo Gurgel, -também envolvido na vida politica da cidade, pois foi candidato a prefeito de Caucaia pelo PSDB nas últimas eleições, é sempre citado pela classe empresarial como exemplo de empreendedorismo.
E Paulo Gurgel concedeu uma entrevista na edição desta segunda-feira (31/08) a um dos jornais de maior circulação e credibilidade do Ceará, o jornal O estado.
O Blogdoktsantos, divulga na íntegra a entrevista concedia por Paulo Gurgel, ao o Estado.
A Cigel – uma indústria de cosméticos e produtos para higiene pessoal e beleza – é genuinamente cearense e completará 29 anos de existência no próximo mês de outubro. Tendo iniciado como uma pequena fábrica de fundo de quintal, em 1986, teve sua existência pautada pela dedicação e empenho de sua diretoria e colaboradores, tornando-se numa empresa que fabrica cerca de mil toneladas (t) de produtos por mês, envaza 650 t mensalmente, possui uma linha de produtos com 172 itens e continua em processo de expansão. Seu presidente, Paulo Gurgel, conversou com a reportagem do jornal O Estado e falou sobre a trajetória de sucesso da empresa e os planos para o futuro.
Como foi essa trajetória de sucesso?
Nossa empresa nasceu, pequenininha e, como se fala aqui no Nordeste, começamos comendo pelas beiradas. Iniciamos na periferia, depois fomos para o interior, nossos produtos passaram a ser reconhecidos pelos consumidores e, hoje, estamos numa área de 16 mil metros quadrados (m²), em Caucaia, onde empregamos mais de 200 pessoas, diretamente, fora os indiretos, que deve chegar a mais de mil, pois trabalhamos da Bahia ao Amazonas. As regiões Norte e Nordeste são o nosso foco, embora tenhamos clientes em outros estados e nossa meta é, um dia, estarmos em todo o território nacional. Somos líderes de mercado em alguns produtos, mas estamos crescendo, graças a um trabalho árduo e, apesar de ser uma empresa familiar, os herdeiros foram preparados para assumir os negócios como executivos.
Todos os seus filhos trabalham com o senhor lá na Cigel?
Tenho três filhos – um rapaz e duas moças – e todos eles trabalham conosco, desde a adolescência, lá no chão de fábrica, aprendendo como faz isso, aquilo. Foram crescendo, estudando e fui vendo qual a aptidão de cada um e, para a sorte da Cigel e, para a minha alegria, eles têm vocação para a produção e também para a área comercial. Uma das moças tem uma vocação para o financeiro, embora seja arquiteta. Fez vários cursos, inclusive MBA e cuida da área financeira. A outra é formada em publicidade, com pós-graduação em marketing, e atua neste segmento. Foram formados dentro da empresa e hoje a diretoria está muito bem sincronizada com nossas metas
E quais são as principais ações e decisões dessa diretoria?
Nosso planejamento estratégico é feito olhando para os próximos cinco anos, pois acho que, no Brasil, a cada década, há uma crise política, que afeta profundamente a economia. O ideal era fazer um planejamento para 20 anos, mas entra um governo e muda a regra do jogo. Vem um ministro e muda a matriz econômica, pega aquilo que vinha dando certo e põe uma coisa duvidosa e dá no que deu agora, esse desequilíbrio. É necessário fazer um ajuste fiscal, mas isso só ocorreu porque o País foi levado para esse momento de dificuldade. Mas isso só ocorreu porque mexeram na matriz econômica. Se não tivessem feito políticas eleitoreiras, não seria esse desastre que aí está.
E como está a situação da sua empresa?
No ano passado, o crescimento do setor foi em torno de 11% e nós crescemos 20%, e este ano está se mantendo o bom desempenho, apesar de alguns meses sazonais. Na Convenção Nacional da Abad, que ocorreu aqui, em 2013, fechamos 19 ou 20 distribuidores para as regiões Norte e Nordeste. Ano passado, foi no Sul e não participamos. Mas este ano, ocorreu novamente aqui, no Centro de Eventos, e fechamos com vários outros distribuidores. Então, as pessoas que olhavam para aquela Cigel que começou num fundo de quintal, em 1986, no auge do Plano Cruzado, já olham para nós com outros olhos, pois o consumidor está buscando os produtos Alyne, o Aseplyne, e já conseguimos um bom naco desse mercado, pois investimos em tecnologia, usamos o apelo do bioma do Nordeste, utilizando a aroeira, que é típica daqui e tem várias aplicações.
E como os consumidores responderam?
A aceitação foi muito boa e estamos ampliando a linha Aseplyne, que é o sabonete Bio Spa e o lançamento do ano: o Sabonete do Chef. As mulheres são muito dinâmicas, mas não deixam de querer fazer um jantar caprichado para o marido, os filhos, mas fica aquele odor forte de cebola ou alho nas mãos. Então, criamos este sabonete antiodores, que reduz em mais de 90% esses cheiros mais fortes. E serve para mulheres e homens que gostam de cozinhar, sem falar nos chefs.
Qual a produção atual da Cigel e como está a comercialização, apesar do momento complicado da nossa economia?
Temos uma capacidade de produzir mais de mil toneladas, mas nossa capacidade de envasamento é pouco mais de 650 t, que acaba sendo absorvida pelo mercado. Já chegamos a vender 100% da nossa produção. Tivemos de trabalhar 24 horas por dia, sábados, domingos, feriados, dias santos, sem parar, para atender à demanda. Mas ela voltou aos níveis normais, não tanto no caso da Cigel, pois se o mercado crescia 11% e a gente 20%, hoje ele deve crescer 5%, devemos crescer 7% ou 8%. Estamos buscando novos espaços, pois há muito para crescer. E gostamos de estabelecer parcerias, pois hoje o distribuidor é a continuação da nossa empresa. Nossa expertise é fabricar produtos, ver o que os consumidores querem, daí chamamos o distribuidor e passamos a mercadoria a ele, para levar até a gôndola.
Vocês investiram muito na qualidade do produto?
A gente tem trabalhado com muito afinco, carinho, pois aquilo que você faz para o mercado, tem de fazer com amor. A gente escuta muitos empresários dizerem que vão fazer tal coisa e ganhar dinheiro. Eu digo que devo fazer o melhor que eu possa fazer, pois o dinheiro, o lucro, é consequência. E, como você falou agora há pouco, e a crise? E te pergunto, que crise? Ela é mais política e apura o mercado.
E ela também oferece grandes oportunidades?
Nesse momento, reunimos toda a equipe e falamos que esse é um momento que precisamos olhar para o mercado com mais carinho e, principalmente, olhar para dentro da empresa e ver se não relaxamos em algum ponto. Vimos que nosso custo com energia elétrica estava alto e conseguimos reduzi-lo, assim como em combustível, material de expediente, manutenção. Você fica mis vigilante e descobre que aqueles R$ 10,00 que estavam ali, os R$ 100,00 de outro canto, quando junta tudo, dá R$ 1 mil, dá R$ 10 mil, R$ 100 mil no ano. Então, esses momentos servem para deixar a gente mais cuidadoso, olhando para dentro do nosso negócio.
E isso acaba se refletindo lá na ponta?
Com certeza. O problema do dólar, que disparou, e elevou os nossos custos, por causa da matérias-primas. E nesse momento não temos como repassar. Aí fomos, exatamente, nesses pontos e conseguimos equilibrar. Estamos revendo todos os nossos processos, pois quando os retrabalhamos, vemos que alguns deles podem ser muito mais produtivos, com as mesmas pessoas. Não fazemos esses estudos para demitir, mas sim para produzir mais, com menos. Porque na hora que tenho dez pessoas numa linha e ela produz 100, vou retrabalhar para que produza 110, 120, pois assim posso manter seus empregos e oferecer alguma vantagem aos nossos consumidores. Numa situação difícil como estamos, o pai de família perder o emprego, é uma dor muito forte e que se reflete em toda a economia, pois isso é uma cadeia. Na hora que há desemprego, a massa salarial que circula no bairro, na cidade, diminui também e, daí, o comerciante vai demitir, o Estado vai arrecadar menos, aí já vêm ajustes e mais desemprego.
E existe alguma solução?
Sou a favor da distribuição de renda, conforme o governo de Fernando Henrique Cardoso criou aqueles programas sociais. Depois, o Lula juntou tudo e criou o Bolsa Família, e quando essa renda foi distribuída, o pessoal da base da pirâmide começou a ter acesso ao mercado, a consumir. Só que nos governos anteriores havia critério e hoje isso se perdeu. Se dá por dar. A fiscalização é falha, pois os valores são liberados e muita gente não quer mais trabalhar, pois recebe as bolsas. Tem muita gente que nunca plantou um pé de feijão e recebe o seguro-safra, pois tudo é muito politizado. O que falta no Brasil são estadistas. Político para fazer politicagem barata tem muito. O País precisa de homens como foram Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, que viram o Brasil 50 anos na frente. Hoje, vemos por aí, grandes fortunas nas mãos de quem não deu um dia de trabalho. Só politicagem.
O que a Cigel tem de fazer para se perpetuar no mercado e a sua mensagem final?
A nossa empresa tem de continuar investindo em novas tecnologias, olhar para o mercado com um olhar crítico e entender os anseios da população, para poder ganhar novos consumidores. Atuar com gestão financeira responsável e formar parcerias. Digo para a juventude que não dê ouvidos à crise, que é política e só nós, eleitores, podemos mudar. Na hora que resolverem essa briga, a economia voltará a girar.
Glossário
Expertise. Conhecimento que se adquire pelo estudo, experiência e prática; e a capacidade de aplicar o que foi aprendido de forma adequada às solicitações requeridas pela função exercida.
Aseplyne. Linha de produtos formada por sabonetes líquidos e gel, utilizada para que seja feita a higiene pessoal, no dia a dia, com ação antibacteriana.
Sazonais. Característica ou evento que ocorre em determinada época do ano. No caso de negócios, usado principalmente para descrever os períodos de vendas.i
Matriz econômica. Conjunto de medidas tomado pelo Governo, com o objetivo de manter o equilíbrio e promover o crescimento da economia de um país.
MARCELO CABRAL
economia@oestadoce.com.br
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