Cearense que trabalhou na roça na infância hoje preside grupo que fatura R$ 2 bilhões por ano
Vilmar Ferreira sempre teve vocação para os negócios. Aos 65 anos, ele é dono da Aço Cearense, uma das maiores distribuidoras de aço do país
Bom em matemática e em cálculos, Vilmar Ferreira, de 65 anos, poderia ser mais um cearense destaque em olimpíadas ou premiações internacionais. O diferencial dele foi ter aliado a aptidão por negócios com a habilidade nas contas. “Sempre tive vocação para o comércio. É só saber fazer conta: calcular os custos e os benefícios”, brinca.
Vilmar é o fundador da empresa líder em comercialização de aço na Região Nordeste, o Grupo Aço Cearense, cujo faturamento é de mais de R$ 2 bilhões por ano. Quarto filho em uma família de 13 irmãos, precisou iniciar o trabalho na roça ainda criança, com apenas sete anos de idade, no município de Marco, a 235 quilômetros de Fortaleza, próximo ao destino turístico Jericoacoara.
“A família era grande. Para sobreviver, tínhamos que ir para roça de manhã e depois estudar”, lembra o apaixonado pela matemática. Com o pensamento sempre na coletividade, que garante ter até hoje, algumas vezes precisou dividir um ovo com o irmão no jantar, para não dormir de barriga vazia.
Aos 15 anos, sofreu acidente trabalhando na roça. O episódio foi tão marcante, que ainda lembra o horário: às 9h. “A foice [antiga ferramenta agrícola, curvilínea] escapuliu da minha mão e cortou a minha perna”. Jorrou muito sangue, que foi estancado pelo próprio pai. “Ele me colocou nos braços e disse: ‘Nossa Senhora, abençoe meu filho. De hoje em diante, nunca mais te mando para a roça‘. Me levou em um jumento para casa, vendeu uma vaca que eu tinha, comprou outra e me deu a diferença em dinheiro”.
Foi o suficiente para Vilmar largar o trabalho no roçado e virar comerciante, ainda adolescente. Pegou o dinheiro e saiu comprando o que conseguia: ovos, galinhas, porcos, ovelhas. “Eu já tinha um instinto. Desde pequeno era eu que fazia algumas compras, porque minha mãe me achava o mais ativo entre os filhos”. Às 5h, acordava, matava um porco, colocava em cima do jumento e saía vendendo, em um raio de atuação de 8 quilômetros. No inverno, precisava atravessar rios com os produtos. “Uma vez escorreguei e quebrei todos os ovos”, lembra bem-humorado.
Apesar da dificuldade, ajudava os pais e fazia economias. Até que, aos 18 anos, resolveu viajar a Fortaleza, a fim de buscar novas oportunidades. “Não queria mais aquela vida de matar porco, queria outra coisa na minha vida”. Na semana seguinte após a decisão, separou três mudas de roupa, sapato, subiu em um caminhão e foi atrás do sonho.“A família era grande. Para sobreviver, tínhamos que ir para roça de manhã e depois estudar”. (Vilmar Ferreira, presidente da Aço Cearense)
Precisou de exatamente um mês para conseguir emprego em um mercadinho, próximo ao Instituto Médico Legal (IML). Recebia apenas um 1/3 do salário-mínimo, cerca de 40 cruzeiros por mês, e moradia. Com três dias, já chamou a atenção do chefe, que passou a chamá-lo de “Pimenta”, porque era muito rápido. “Até reclamava de mim, dizendo que eu não precisava me esforçar tanto. Ele me descobriu comerciante quando passei a comprar os produtos mais barato do que ele comprava.Ora, ele andava em cinco armazéns pesquisando, e eu corria em 20, fazia meu leilão e conseguia”, conta Vilmar.
Não demorou para ser promovido a gerente da loja, mesmo sem aumento salarial. Após 1 ano e 6 meses trabalhando no estabelecimento, voltou ao interior e estimulou o irmão mais velho a fazer parceria para abrir o próprio negócio. Deu certo. Até o dia em que decidiu chamar toda a família para morar na capital, fazendo o irmão desistir da sociedade e deixá-lo com contas para pagar e mais de 10 pessoas para cuidar.
Com informações do site Tribuna de Ceará..
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