Cachoeira: em depoimento, delegado confirma envolvimento de parlamentares
Envolvimento de Demóstenes, Sandes Junior e Leréia com bicheiro está oficializado
Delegado da PF Alexandre Marques Souza depõe na CPMI do Cachoeira |
O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) afirmou na noite desta terça-feira (9) que o depoimento do delegado da Polícia Federal Alexandre Marques de Souza à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que vai apurar as relações de parlamentares e empresas públicas e privadas com o bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira, “oficializa o envolvimento do senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO) e dos deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) com a organização de Carlos Cachoeira”. O delegado foi responsável pelas investigações da Operação Vegas.
Segundo ele, os maiores indícios são em relação a Demóstenes Torres, sendo que essa relação do senador com o contraventor ocorreria desde pelo menos o ano de 2007. “Estou certo que o senador é o principal braço politico da organização”, afirmou Randolfe.
Cavendish
Em outro momento, o senador disse que não vê possibilidade alguma de que Demóstenes continue no Senado. Segundo Randolfe, o depoimento também reforça a necessidade de convocar o ex-presidente da Construtora Delta, Fernando Cavendish, “porque é cada vez mais patente o envolvimento de Cachoeira nessa empreiteira, inclusive como sócio oculto”.
Próximos depoimentos
Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro, suspeito de tráfico de influência por causa das relações que manteve com autoridades públicas e políticos, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Por decisão do plenário da CPMI, o depoimento não foi aberto para a imprensa, com o objetivo de manter o sigilo da operação da Polícia Federal. Dos membros da CPMI, 17 votaram pelo depoimento em sigilo e 11 votaram contra.
Os depoimentos marcados para a próxima quinta-feira (10), em princípio, também serão tomados em sessão secreta. A CPMI espera ouvir mais um delegado da Polícia Federal, Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, além dos procuradores da República Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, que acompanham as investigações policiais. O depoimento de Carlinhos Cachoeira está marcado para o dia 15, em sessão aberta ao público e à imprensa.
Sessão tumultuada
O requerimento que previa sessão secreta teve votação tumultuada. Houve bate-boca, contestações e até deboches. "Gostaria só de comunicar que tudo que aqui for falado vai vazar e serão as versões mais variadas, vai ser um horror", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) ao delegado Raul de Souza, que aguardava que a porta da sala fosse fechada para iniciar o depoimento.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) votou a favor da sessão secreta, mas ponderou que, quando a comissão apreciar o requerimento pedindo a quebra do sigilo dos inquéritos que estão na Justiça, dará apoio para que as sessões sejam aos jornalistas e ao público em geral.
Com Agência Câmara
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