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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Revolução Cubana

Foi a primeira experiência socialista que sagrou-se vitoriosa na América, alterou os rumos da Guerra Fria no que concerne à América Latina.

Antecedentes

Bandeira de cuba sob os revolucionários erguendo armas.A administração republicana começou em 20 de maio de 1902, com o governo de Tomás Estrada Palma, primeiro presidente de Cuba independente, notável por sua honradez e seu interesse pela educação pública. Sua intenção de permanecer no poder depois das eleições de 1906 deu lugar à segunda ocupação da ilha pelos americanos, em 29 de setembro desse ano. No final do governo corrupto do general José Miguel Gómez (1909-1912), as tropas governamentais sufocaram manifestações e protestos na parte oriental da ilha, quando morreram mais de três mil pessoas.
Seguiram-se os governos de Mario García Menocal (1913-1921), Alfredo Zayas (1921-1925) e Gerardo Machado (1925-1933), que no segundo mandato se tornou ditador. Seu sucessor, Carlos Manuel de Céspedes y Quesada, foi derrubado pelo golpe militar (4 de setembro de 1933) liderado pelo sargento Fulgencio Batista e pelo professor Ramón Grau San Martín.
Em 1934, Grau se viu obrigado a renunciar e se sucederam vários governos provisórios em que Batista manteve o poder de fato, assumindo a presidência constitucional de 1940 a 1944. Seguiram-se dois períodos de governo democrático, com Grau San Martín (1944-1948) e Carlos Prío Socarrás (1948-1952), que sofreu novo golpe militar encabeçado por Batista (1952): este, em regime de crescente corrupção e violência, manteve-se no poder até 1958.


A Revolução Cubana

A quartelada de 1952 fora bem recebida pelo governo americano, que viu em Fulgencio Batista um instrumento mais maleável que os políticos anteriores, de tendência nacionalista. Batista tratou de consolidar seu regime mediante manobras que lhe deram aparência de legalidade. Ainda assim, seu regime ganhou cada vez mais opositores e manifestaram-se diversos movimentos revolucionários, mesmo dentro das forças armadas. Estava acendida a pólvora para a Revolução Cubana.
A contestação era especialmente forte entre os universitários, os profissionais liberais e as classes médias. Finalmente, o jovem advogado Fidel Castro, que tentara sem êxito tomar o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba (1953), logrou estabelecer um núcleo guerrilheiro em Sierra Maestra (1956) e células ativistas nas cidades que, junto com outros movimentos, provocaram a queda do regime de Batista em 31 de dezembro de 1958.
Em 1º de janeiro de 1959, Fidel Castro assumiu o controle da ilha. Os projetos de seu Movimento 26 de Julho estavam pouco definidos e, embora já contassem com grande apoio no país, só em 1961 as organizações revolucionárias se fundiram no Partido Unido da Revolução Socialista, que em 1965 passou a denominar-se Partido Comunista de Cuba. Durante esses anos, a organização do estado se configurou segundo o modelo soviético, o que representou a implantação do primeiro regime socialista das Américas.
Depois de um primeiro período preparatório, o objetivo definido da revolução foi a abolição do capitalismo, compreendendo a eliminação dos inimigos, civis ou militares, que permanecessem fiéis a postulados ou instituições anteriores à revolução e a sabotassem ou combatessem: julgados sumariamente por tribunais populares, muitos desses adversários do novo governo foram condenados ao paredón, isto é, executados por fuzilamento.
Fidel Castro logo após a Revolução Cubananacionalização dos investimentos e propriedades estrangeiros, que no caso dos Estados Unidos elevaram-se a centenas de milhões de dólares, provocou uma série de medidas por parte do governo americano, como o apoio à tentativa de invasão de abril de 1961 na baía dos Porcos, o bloqueio comercial e o fomento de diversas conspirações para derrotar os revolucionários.
Em dezembro de 1961 Fidel Castro proclamou suas convicções marxistas-leninistas, reafirmando o caráter socialista da Revolução Cubana. A partir de então firmaram-se numerosos acordos de cooperação entre Cuba e a União Soviética, que se comprometeu a adquirir um milhão de toneladas de açúcar por ano durante pelo menos cinco anos, bem como a proporcionar um crédito equivalente a cem milhões de dólares em condições extremamente favoráveis.
A escalada da tensão entre os Estados Unidos e Cuba foi antes de tudo comercial, com o boicote aos produtos cubanos e a proibição de exportações, à exceção de alguns medicamentos. O rompimento das relações diplomáticas efetuara-se em janeiro de 1961, por iniciativa do presidente Eisenhower.
Crise dos Mísseis: Em 1962, a União Soviética começou a instalar em solo cubano mísseis nucleares de médio alcance. Apesar do sigilo com que se procedeu à operação, os Estados Unidos a descobriram. O presidente Kennedy ordenou o bloqueio naval da ilha e a adoção de um plano de invasão que seria automaticamente levado a cabo se Cuba recebesse alguma outra ajuda militar soviética. A União Soviética decidiu retirar os mísseis e interromper a construção de seus silos em troca de uma promessa do presidente americano de que a ilha não seria invadida.
As pressões do governo americano contra o regime de Fidel Castro em todos os foros internacionais conseguiram, em janeiro de 1962, que o país fosse expulso da Organização dos Estados Americanos (OEA), sob a alegação de incompatibilidade entre sua orientação socialista e os objetivos da entidade. Posteriormente, devido ao apoio explícito que os cubanos proporcionavam a grupos empenhados em fazer triunfar a revolução socialista em diversos países latino-americanos, a maior parte destes também rompeu com Cuba.
Retrato de Che Guevara, um dos líderes da Revolução CubanaTanto na conferência tricontinental dos povos da Ásia, África e América Latina, de 1966, como na de solidariedade latino-americana de 1967, ambas celebradas em Havana, os partidos comunistas latino-americanos, a exemplo do soviético e dos países do leste europeu, mostraram-se contrários às teses defendidas por Fidel Castro, em que admitia a legitimidade do uso da violência com fins revolucionários. Em outubro de 1967 morreu na BolíviaErnesto Che Guevara, um dos maiores colaboradores de Fidel Castro e figura legendária da militância marxista.
O argentino Ernesto "Che" Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, dedicou sua vida à difusão da Revolução pela América. Foi assassinado quando procurava organizar o movimento de guerrilheiros na Bolívia.
Em 1973 Cuba se viu obrigada a renegociar a enorme dívida contraída com a União Soviética, que se comprometera a adquirir oitenta por cento da produção cubana de açúcar e a subsidiar petróleo, aço e outros recursos estratégicos. Em 1975 foi suspenso o veto da OEA, o que ampliou as possibilidades de projeção diplomática do país. Em 1979, Castro visitou o México - que jamais rompera relações formais com Cuba - e em 1980 o presidente mexicano José López Portillo foi recebido em Havana.
Pela constituição promulgada em 1976, Fidel Castro convertera-se em presidente do Conselho de Estado, cargo equivalente ao de chefe de estado, que acumulava com os de comandante-em-chefe das forças armadas, primeiro-ministro e secretário-geral do Partido Comunista de Cuba. Em 1980, Castro autorizou o êxodo de aproximadamente 125.000 cubanos, que foram recebidos pelos Estados Unidos. Nos dez anos seguintes, estimava-se que o governo de Cuba mantinha algumas dezenas de milhares de assessores militares em países como a Etiópia e Angola. Com os países latino-americanos, Cuba teve uma exitosa política de aproximação, especialmente com o Brasil, Argentina, Peru e Uruguai.


A economia cubana após a crise soviética

Depois da dissolução da União Soviética, em 1990, e o fim do bloco socialista, o isolamento cubano se acentuou e suas importações e exportações caíram drasticamente. Internamente o país também se ressentiu da perda do apoio internacional. Alimentos, combustível e outros bens de consumo essenciais escasseavam, provocando descontentamento na população. Se tornou a mais grave crise econômica desde o sucesso da revolução, em 1959.
Em 1994, com a persistência do embargo americano apesar da resolução aprovada no ano anterior pela Assembléia Geral das Nações Unidas, que exortava os Estados Unidos a suspenderem o boicote, a situação interna de Cuba tornou-se calamitosa. Milhares de cubanos passaram a abandonar a ilha em embarcações precárias, com o objetivo de alcançar a costa americana da Flórida. Com a lei Burton-Helms, os Estados Unidos tentaram, em 1996, forçar seus aliados europeus a participar do boicote comercial a Cuba.

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