Que tal se tornar guardião das abelhas (brasileiríssimas!) sem ferrão?
Picada de abelha dói e costuma ser uma experiência traumatizante. Por isso, tem tanta gente com medo desse inseto. Mas você sabia que as abelhas que têm ferrão ativo são exóticas ou invasoras? Ou seja, não são nativas, mas foram trazidas para o Brasil. Mas, aqui, existem mais de 300 espécies nativas – ‘sem ferrão’ – que são fundamentais para o equilíbrio do nosso ecossistema. E o mais legal: não machucam. Na verdade, elas têm ferrão, que é atrofiado devido a um processo natural de evolução.
Para torná-las conhecidas do grande público e também ajudar a preservá-las, o comerciante paulistano Gerson Pinheiro criou a ONG SOS Abelhas Sem Ferrão*, em janeiro de 2014. Tudo começou quando sua filha Ana Clara voltou de uma excursão da escola com a ideia de ter um enxame de abelhas em casa. “Confesso que me assustei. Fui pesquisar a respeito e me deparei com esse universo tão importante para nossa sobrevivência. A partir de então, resolvi dedicar parte de meu tempo para fazer algo para proteger esses seres mágicos”, contou.
Assim que ele começou a estudar o assunto, percebeu que essas abelhas são desconhecidas do público. “Fiquei incomodado com o fato de as pessoas ouvirem a palavra “abelha” e a vincularem somente a “ferrão” e “mel”. Temos abelhas ‘sem ferrão’, mas que produzem mel de até melhor qualidade que as outras. Isso sem contar que mel é apenas um subproduto. O serviço mais importante realizado por elas – que é a polinização -, deixamos em segundo plano”, destacou.
Sem abelhas, um terço das colheitas não existiria. Elas são indispensáveis para a produção dos alimentos porque polinizam frutas e vegetais ao transportar o pólen de uma flor para outra. Mas, diariamente, inúmeras colmeias são destruídas no país por causa da falta de conhecimento sobre essas espécies inofensivas e tão vitais para nós.
O objetivo da ONG é espalhar por São Paulo – e depois pelo resto do país – conhecimento sobre asabelhas sem ferrão como uma forma de mudar a realidade desses insetos. A entidade ministra cursos gratuitos sobre o assunto para apresentar as espécies e explicar o papel delas para a fauna e a flora.
SEJA UM GUARDIÃO
Além de cursos, a ONG salva abelhas. A equipe faz resgates principalmente em muros, caixas elétricas, interfones e depois realoca os enxames. Se encontrar alguma colmeia em risco, é só entrar em contato com a instituição por sua página do Facebook*.
Além de cursos, a ONG salva abelhas. A equipe faz resgates principalmente em muros, caixas elétricas, interfones e depois realoca os enxames. Se encontrar alguma colmeia em risco, é só entrar em contato com a instituição por sua página do Facebook*.
“Assim que recebemos um pedido de resgate, incentivamos a pessoa a avaliar se o enxame corre risco de vida. Ela pode observar se a causa foi a derrubada de um muro ou o envenenamento feito por algum vizinho, por exemplo. Se o enxame não correr risco, não há necessidade de retirá-lo do local”, explica Flávio Yamamoto, vice-presidente da ONG. Se tiver interesse, quem fez a denúncia pode, então, virar guardiã da colmeia e cuidar das abelhas. Mas claro que isso não é obrigatório. Os ativistas da ONG podem levar o ninho para um lugar mais seguro.
Quer cuidar de abelhas em casa? “Para isso, é preciso entrar na fila de pedidos para receber uma colmeia, que geralmente é fruto de resgate. O interessado recebe uma caixa com apenas uma espécie de abelha, além da orientação necessária a respeito do melhor local para sua instalação, horário para abri-la pela primeira vez, plantio de flora (próximo e mais adequado), entre outras informações”, explicou Flávio que já destacou:
- é preciso sempre ter espécies florais bem cuidadas ao redor;
- é preciso sempre ter espécies florais bem cuidadas ao redor;
- a caixa deve ficar longe do movimento das ruas, em grandes centros urbanos;
- a caixa também deve ser protegida contra poeira, vento, chuva e sol, além de não ficar vulnerável às formigas.
- a caixa também deve ser protegida contra poeira, vento, chuva e sol, além de não ficar vulnerável às formigas.
O sonho de Gerson, de Flávio e dos ativistas da SOS Abelhas Sem Ferrão é conquistar, pelo menos, um guardião em cada região ou bairro de São Paulo. Assim, será possível multiplicar a proteção e criar uma rede importante de contatos, que poderá indicar também – para outras redes locais – onde há enxames a resgatar ou monitorar. Por isso, sempre que podem, também participam de encontros em prol do meio ambiente promovidos pela cidade.
No dia 1º. de fevereiro, por exemplo, participaram da Oficina de Plantio de Árvores – com direito a picnic – organizado pelas ONGs Muda Mooca* e Árvores Vivas* e pelos ativistas da Horta das Corujas, criada em 2012, pelos moradores do entorno da Praça das Corujas, na Vila Beatriz, em São Paulo. No meliponário da horta, Gerson e Flávio apresentaram algumas espécies das abelhas sem ferrão aos visitantes – Mandaçaia (a maior e uma das mais dóceis entre as brasileiras; é preta e tem listrinhas amarelas), Marmelada, Jataí e Mirim Guaçú Amarela. A editora do Planeta Sustentável, Mônica Nunes, esteve lá e adorou tudo que viu e ouviu sobre o projeto e cada uma delas.
E você? Já conhecia as abelhas sem ferrão? Viu alguma colmeia por aí? Quer protegê-la? É só entrar em contato com a ONG. E, se quiser se tornar guardião, também.
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