ELE MEDE UM TITANIC E MEIO
O MAIOR NAVIO DO MUNDO, QUE ACABA DE SER CONSTRUÍDO, NÃO SERIA GRANDE DEMAIS?
A resposta parece ser: não, senhor capitão. É verdade que causa certa vertigem logística a capacidade de carregar 18 mil contêineres – ou 182 milhões de iPads – dos 20 navios Triple-E encomendados pela Maersk (os dois primeiros foram entregues em agosto e setembro). Mas a indústria do transporte marítimo de cargas, muito baseada em economia de escala, também é um bicho gigantesco – e que só faz crescer. Quando entrar num metrô, repare como quase tudo o que você vê passa por um navio. O iPhone do adolescente, a camisa chinesa do executivo, a bijuteria da mocinha, até os circuitos integrados que comandam os vagões – enfim. A jornalista Rose George, que gostava de fazer essa brincadeira, conseguiu autorização – algo bem raro – para embarcar num navio de cargas, o Maersk Kendal, no qual viajou da Holanda a Cingapura. O resultado é o recém-lançado livro Ninety Percent of Everything, sem edição brasileira. A leitura revela que os contêineres são um dos maiores – e mais desconhecidos – negócios do planeta. E a invisibilidade é bem conveniente para lidar com os tropeços ambientais e trabalhistas do alto-mar. “Poucas indústrias são tão descaradamente opacas como a dos navios”, diz a autora. Veja, abaixo, mais fatos inquietantes desses gigantes.
Contêineres são um dos maiores e mais “invisíveis” negócios que existem
“A A.P. Møller-Maersk é a maior empresa da Dinamarca, com vendas iguais a 20% do PIB do país. Seu faturamento é quase o mesmo da Microsoft. A Microsoft faz programas de computador; a Maersk traz os computadores. Uma é famosa. A outra, de alguma forma, é quase invisível”
MAIS POLUIÇÃO
ESSA É UMA INDÚSTRIA BASTANTE POLUIDORA. A MAERSK, SOZINHA, RESPONDE POR 0,1% DE TODA A EMISSÃO GLOBAL DE GÁS CARBÔNICO. MAS O TRIPLE-E É 35% MAIS EFICIENTE NESSE SENTIDO
PRECINHO CHINÊS
MANDAR ALGO POR NAVIO É TÃO BARATO QUE FAZ MAIS SENTIDO ENVIAR BACALHAU DA ESCÓCIA PARA SER CORTADO NA CHINA (UMA VIAGEM DE 16 MIL KM) E VOLTAR, DO QUE PAGAR UM ESCOCÊS PARA FAZÊ-LO
MORTES (QUE NÃO SAEM NOS JORNAIS)
DOIS MIL MARUJOS MORREM POR ANO NO MAR E MAIS DE DOIS NAVIOS SÃO PERDIDOS TODA SEMANA. OS FILIPINOS SÃO A GRANDE FORÇA DE TRABALHO DESSA INDÚSTRIA
O NOVO GIGANTE
O MAERSK TRIPLE-E MEDE 400 METROS DE PROA A POPA, OU UM TITANIC E MEIO (QUE MEDIA 270 METROS). ELE FARÁ A ROTA ENTRE O NORTE DA EUROPA E A CHINA
MAR SEM LEI
AS ÁGUAS INTERNACIONAIS SÃO A VERDADEIRA “TERRA” DE NINGUÉM. EM 2010, 544 MARUJOS FORAM SEQUESTRADOS POR PIRATAS SOMALIS. ATUALMENTE, EXISTEM CERCA DE CEM REFÉNS NESSA SITUAÇÃO
(FOTO: DIVULGAÇÃO).
ESSA É UMA INDÚSTRIA BASTANTE POLUIDORA. A MAERSK, SOZINHA, RESPONDE POR 0,1% DE TODA A EMISSÃO GLOBAL DE GÁS CARBÔNICO. MAS O TRIPLE-E É 35% MAIS EFICIENTE NESSE SENTIDO
PRECINHO CHINÊS
MANDAR ALGO POR NAVIO É TÃO BARATO QUE FAZ MAIS SENTIDO ENVIAR BACALHAU DA ESCÓCIA PARA SER CORTADO NA CHINA (UMA VIAGEM DE 16 MIL KM) E VOLTAR, DO QUE PAGAR UM ESCOCÊS PARA FAZÊ-LO
MORTES (QUE NÃO SAEM NOS JORNAIS)
DOIS MIL MARUJOS MORREM POR ANO NO MAR E MAIS DE DOIS NAVIOS SÃO PERDIDOS TODA SEMANA. OS FILIPINOS SÃO A GRANDE FORÇA DE TRABALHO DESSA INDÚSTRIA
O NOVO GIGANTE
O MAERSK TRIPLE-E MEDE 400 METROS DE PROA A POPA, OU UM TITANIC E MEIO (QUE MEDIA 270 METROS). ELE FARÁ A ROTA ENTRE O NORTE DA EUROPA E A CHINA
MAR SEM LEI
AS ÁGUAS INTERNACIONAIS SÃO A VERDADEIRA “TERRA” DE NINGUÉM. EM 2010, 544 MARUJOS FORAM SEQUESTRADOS POR PIRATAS SOMALIS. ATUALMENTE, EXISTEM CERCA DE CEM REFÉNS NESSA SITUAÇÃO
(FOTO: DIVULGAÇÃO).
No Brasil, usamos mais e mais contêineres
O Brasil acompanhou a tendência mundial e viu aumentar – e muito – a importância do transporte marítimo de cargas. Em 2012, os portos nacionais movimentaram 904 milhões de toneladas, quase três vezes a quantidade de 20 anos atrás. Quando se transforma isso em dinheiro, o salto é ainda mais impressionante. No ano passado, os terminais movimentaram US$ 465 bilhões, mais do que quatro vezes o valor registrado dez anos antes. Nos contêineres, a expansão se repete. Em 2002, 35 milhões de toneladas chegavam ou saíam do país dentro deles. Em 2012 foram 87 milhões, ou 9,66% do total transportado no ano – o resto são mercadorias levadas a granel, como grãos ou minério de ferro.