Ao lado dos irmãos, Roberto Irineu comanda um dos maiores conglomerados empresariais do País. Discreto, leva a característica para o seu dia a dia e também aos negócios
Jorge Paulo Lemann, o mais rico dos brasileiros, tem um patrimônio de R$ 38 bilhões. Joseph Safra e Antonio Ermirio de Moraes amealharam ao longo da vida, respectivamente, R$ 34 bilhões e R$ 25 bilhões. Marcel Telles, por sua vez, é um homem de R$ 19 bilhões. Todos reúnem riqueza, prestígio, poder, mas nenhum deles tem o condão de influenciar a opinião pública, induzir costumes e padrões de comportamento e moldar parte expressiva da cultura nacional. Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, tem uma fortuna avaliada em dezenas de publicações impressas e concessões de TV e rádio, milhares de leitores e ouvintes, milhões de telespectadores e R$ 17 bilhões.
Ao lado dos irmãos, João Roberto e José Roberto Marinho, Roberto Irineu tem a missão de comandar um dos conglomerados empresariais do País em que o uso do termo “império” – do latim “imperium”: poder ou autoridade – não soa como exagero e tampouco lugar-comum. Quantas outras corporações podem afirmar, com tanta certeza, que estão presentes em praticamente todos os lares brasileiros? Quantos outros grupos têm tamanha penetração e domínio sobre todo o território nacional?
Início por baixo, mas nem tanto
Reza o anedotário das redações que os filhos de Roberto Marinho começaram por baixo e, antes de chegar ao comando do grupo, passaram pelos mais diversos cargos de um jornal: às oito da manhã, eram contínuos; às nove, estagiários, às 11h30, repórteres; das quatro à seis da tarde, editores; no início da noite, fecharam a primeira página; e, no dia seguinte, quando a edição chegou às bancas, o expediente já trazia seus nomes como vice-presidentes. Chistes à parte, o fato é que, antes de comandar um jornal, Roberto Irineu foi conhecer como se fazia um. Aos 18 anos, começou a trabalhar como aprendiz de linotipista em “O Globo”. Durante um ano, bateu ponto nas oficinas, nas áreas de tipografia e impressão. Depois, foi repórter da editoria Geral e passou por diversos outros postos na redação.
Aos 21 anos, cursando Faculdade de Administração da Fundação Getulio Vargas, Roberto Irineu deparou-se com sua primeira grande missão nas Organizações Globo: deixou o jornal para participar do processo de reestruturação da Rio Gráfica Editora. Logo na sequência, assumiu a direção da empresa, cargo em que ficou até 1971.
Reza o anedotário das redações que os filhos de Roberto Marinho começaram por baixo e, antes de chegar ao comando do grupo, passaram pelos mais diversos cargos de um jornal: às oito da manhã, eram contínuos; às nove, estagiários, às 11h30, repórteres; das quatro à seis da tarde, editores; no início da noite, fecharam a primeira página; e, no dia seguinte, quando a edição chegou às bancas, o expediente já trazia seus nomes como vice-presidentes. Chistes à parte, o fato é que, antes de comandar um jornal, Roberto Irineu foi conhecer como se fazia um. Aos 18 anos, começou a trabalhar como aprendiz de linotipista em “O Globo”. Durante um ano, bateu ponto nas oficinas, nas áreas de tipografia e impressão. Depois, foi repórter da editoria Geral e passou por diversos outros postos na redação.
Aos 21 anos, cursando Faculdade de Administração da Fundação Getulio Vargas, Roberto Irineu deparou-se com sua primeira grande missão nas Organizações Globo: deixou o jornal para participar do processo de reestruturação da Rio Gráfica Editora. Logo na sequência, assumiu a direção da empresa, cargo em que ficou até 1971.
Segundo outro gracejo extraído da coleção de pilhérias das redações, consta que, ao tomar decisões que afetavam o futuro das Organizações, Roberto Marinho costumava dizer: “Se um dia eu morrer...”. O senso de infinitude comumente atribuído ao empresário não se coaduna com um homem que, desde cedo, preparou os seus para sucedê-lo – sem necessariamente abrir mão do poder em vida. Certamente, quis evitar que a história se repetisse – sim, ela se repete, e ao contrário do que pensava Karl Marx, não necessariamente sob a forma de farsa. Aos 21 anos, sem estar devidamente preparado para tal responsabilidade, Roberto Marinho teve de assumir o comando do jornal “O Globo”, que, à altura, somava apenas um mês de inaugurado. Que outro destino se não o filho mais velho tomar as rédeas no lugar do empresário Irineu Marinho, morto aos 49 anos por um infarto. Durante seis anos, o jovem Roberto teve a tutoria do jornalista Euclydes de Matos, homem de confiança de seu pai. Portanto, filhos à luta desde novo, pensou o fundador das Organizações Globo.
Neste caso, lutar não é apenas lavorar. Para isso, haveria outros muitos. Os sucessores de Roberto Marinho deveriam, desde cedo, aprender a exercer o poder, equipamento tinhoso que vem sem manual de instruções. Assim como seus irmãos, desde muito jovem Roberto Irineu Marinho passou a ter responsabilidades em cargos de gestão e a participar dos principais negócios do grupo. No início dos anos 70, voltou ao “Globo” para acompanhar as mudanças que estavam por vir nas áreas editorial e industrial. Em 1978, assumiu a vice-presidência da Rede Globo, então uma adolescente de 13 anos. Na década de 80, foi um dos artífices da compra da Tele Montecarlo, num período em que as Organizações Globo deram os primeiros passos em seu processo de internacionalização. A operação tirou muito dinheiro do grupo, mas permitiu a Roberto Irineu Marinho um vasto contato com a cultura europeia, quando adquiriu gostos pouco conhecidos do grande público. Tem especial interesse por filosofia.
Profissionalização do poder
Em 2002, um ano antes da morte de Roberto Marinho, quando a saúde do empresário já estava bastante debilitada, Roberto Irineu assumiu a presidência executiva das Organizações Globo. Na ocasião, reuniu os executivos e funcionários das empresas para comunicar um rigoroso plano de reestruturação financeira. Após o falecimento de Roberto Marinho, foi nomeado também presidente do Conselho de Administração das Organizações Globo. A partir de então, os herdeiros de Roberto Marinho preocuparam-se em implantar um modelo de gestão profissional, capaz de blindar o grupo. Hoje, são 10 acionistas. Mas este número crescerá consideravelmente à medida em que os demais integrantes das próximas gerações atingirem 21 anos. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já dizia o filósofo. Mas não custa nada dar uma olhada no que a história fez com alguns grandes grupos brasileiros da área de comunicação de controle familiar ou excessivamente centrados na figura de seu fundador, a começar pelos Diários Associados e a Bloch Editores. Ressalte-se: os jovens Marinho só poderão trabalhar nas empresas depois de se formarem. E só se tornarão aptos a concorrer a cargos de chefia após mestrado e um ano de trabalho em empresas de mídia no exterior.
Em 2002, um ano antes da morte de Roberto Marinho, quando a saúde do empresário já estava bastante debilitada, Roberto Irineu assumiu a presidência executiva das Organizações Globo. Na ocasião, reuniu os executivos e funcionários das empresas para comunicar um rigoroso plano de reestruturação financeira. Após o falecimento de Roberto Marinho, foi nomeado também presidente do Conselho de Administração das Organizações Globo. A partir de então, os herdeiros de Roberto Marinho preocuparam-se em implantar um modelo de gestão profissional, capaz de blindar o grupo. Hoje, são 10 acionistas. Mas este número crescerá consideravelmente à medida em que os demais integrantes das próximas gerações atingirem 21 anos. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já dizia o filósofo. Mas não custa nada dar uma olhada no que a história fez com alguns grandes grupos brasileiros da área de comunicação de controle familiar ou excessivamente centrados na figura de seu fundador, a começar pelos Diários Associados e a Bloch Editores. Ressalte-se: os jovens Marinho só poderão trabalhar nas empresas depois de se formarem. E só se tornarão aptos a concorrer a cargos de chefia após mestrado e um ano de trabalho em empresas de mídia no exterior.
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