Empresa de remédios acusa Delcídio do Amaral de tentativa de extorsão
Citada na delação do ex-senador Delcídio do Amaral,
a EMS, maior fabricante de medicamentos do país,
apresentou defesa na semana passada em que acusou
o ex-petista de ter tentado extorqui-la, ameaçando-a
para que pagasse uma dívida de campanha dele de
R$ 1 milhão.
De acordo com a empresa, Delcídio usou seu
prestígio como senador e sua suposta proximidade
com a presidente hoje afastada, Dilma Rousseff, para fazer pressão.
A investigadores da Lava Jato Delcídio disse que, em 2014, tinha uma dívida
deixada por sua campanha derrotada ao governo de Mato Grosso do Sul e que
procurou o ex-ministro Edinho Silva, que fora tesoureiro da campanha de
Dilma, para quitá-la.
Ainda segundo Delcídio, Edinho orientou-o a pedir às empresas credoras para
apresentarem notas fiscais em que figurasse como tomadora de serviço a
EMS, que faria o pagamento. As credoras eram duas agências de
comunicação: a FSB e a Black Ninja.
O ex-senador disse, na delação, que essas duas agências emitiram as notas
fiscais –R$ 500 mil cada. Porém, segundo ele, ao surgirem na mídia notícias
de envolvimento da EMS com a Lava Jato, as próprias agências tiveram receio
e cancelaram as notas, arcando com o prejuízo.
.
A EMS rebateu as acusações, em documento assinado por seu advogado
criminalista, Fernando José da Costa, enviado à 10ª Vara da Justiça Federal
em Brasília, onde tramita uma apuração preliminar contra Edinho baseada na
delação de Delcídio.
A apuração foi remetida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) à primeira
instância após Edinho deixar a Secretaria de Comunicação de Dilma e perder
o foro privilegiado.
Na versão da EMS, um assessor de Delcídio, identificado como Diogo,
procurou um diretor da farmacêutica no final de 2014 e pediu à empresa para
quitar a dívida.
Diante de uma negativa, ainda conforme a EMS, o assessor tentou intimidar o
diretor: "Você sabia que Delcídio é senador e amigo pessoal da presidente da
República?"
Dias após essa conversa, o diretor recebeu as notas por e-mail. A EMS
sustenta que não pagou, o que teria levado ao cancelamento das notas.
A farmacêutica argumenta que seu nome já havia sido vinculado à Lava Jato
em abril de 2014, na primeira fase da operação, em episódio envolvendo a
Labogen, ligada ao doleiro Alberto Youssef.
"Antes da própria emissão das notas frias, a peticionária [EMS] já havia
aparecido na mídia, caindo por terra a afirmação de Delcídio de que essas
empresas [FSB e Black Ninja] optaram por cancelar tais notas em razão do
surgimento de escândalos", diz.
O trecho da delação de Delcídio sobre a EMS chamou a atenção de
investigadores para um eventual novo filão de propinas: o setor de saúde.
A Procuradoria da República no Distrito Federal informou que o caso está em
análise.
OUTRO LADO
A advogada de Edinho Silva, Maíra Beauchamp Salomi, disse que ainda não
teve acesso às afirmações da EMS e, por isso, não comentaria.
A defesa do ex-senador Delcídio do Amaral não respondeu até a publicação
desta reportagem.
Em nota, a FSB Comunicação afirmou apenas que nunca recebeu recursos da
EMS, "empresa que jamais foi cliente da agência", e disse que processa o PT
de Mato Grosso do Sul por causa da dívida.
A Folha não localizou a representante da Black Ninja nem o advogado da
Extraído de A Folha de S. Paulo....
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