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quarta-feira, 13 de julho de 2016

O SERINGUEIRO

Chico, eu sube, mi disserum lá no corte,
Que ocê vai simbora, vair vortá
Apois bem Chico, se ocê vai pra lá,
Num negue...
Que eu vim pela estrada, me arrastano
Inté deixei as seringueiras pingano, pingano
Só pra mode lhe pedi o favô dum recado
Assim que ocê lá chegá....

Diga lá pra todo mundo
Que me viu que me deixô filiz
Que só num tenho aquilo que num quis..
Que num escrevo e num mando nada,
Somente proquê  mermo, sô um mal fii..

Chico quando ocê passá
Pru debaixo dos pé de framboião
Vermeios de fulô
Lá nas beira do riacho...
Se alembre da nossa infança
Dos cavalo de pau que nóis tinha
Dois zóios grande da Ritinha
Do tempo bom que passô..

E vá andano, andano, inté chegá
Na porta da choupana que é nossa
Aí num precisa pedi licença não..
Bote abaixo o matulão e vá entrano..
A casa é mermo que sê sua, 
Lá dentro, fiano ao lado das mana
Ocê verá minha mãe que vai pro mim preguntá.
Apóis bem, ocê diga coma peço,
Tá lá, aquilo é um rapaz esperto
E me disse que num tardava de vortá...
Mais se mandari chamá pro meu pai
Ele há de vir lá do roçado
Foice no ombro, suado, coitado
Que também vai pro mim preguntá...
Chico, cadê o Terto?
Apóis bem diga cuma peço,
Tá lá, aquilo é um rapaz esperto
E me disse que num tardava de vortá..

Chico, tô amarelo, os pé inchado
Ah se ocê soubesse cuma dói
Pelo pajé já fui disinganado
Tenho certeza que vô morrê
Se presse e cuide de vortá
Proquê se não, 
Vou chegá lá primeiro que ocê.....

Carlos KTÉ Santos...




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