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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Criminalidade em alta

 O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes realiza, a cada ano, estudo global sobre os homicídios, para avaliar a eficácia das medidas postas em prática no combate à violência. Outrora ela ocorria, com maior incidência, nos grandes centros urbanos; hoje, encontra-se generalizada. As áreas rurais perderam a sua tranquilidade, em decorrência da migração dos malfeitores, da fragilidade da segurança nos contingentes rurais e das facilidades como os criminosos atuam. As zonas rurais viraram permanentes áreas de risco.

No relatório deste ano sobre a violência continental, a representação das Nações Unidas concluiu ser o nosso País detentor da terceira maior taxa de homicídios na América Latina. As estatísticas criminais indicam a ocorrência de 22,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Com esse número, o Brasil perde a liderança do ranking latino apenas para a Colômbia, com 49 baixas por cada grupo de 100 mil e para a Venezuela, com 33,4 ocorrências levantadas pelo Unodc.

Para a efetivação desses estudos especializados, as Nações Unidas mobilizam os registros estatísticos da Justiça Criminal e dos sistemas de saúde pública de 207 países. Os dados divulgados têm como base as ocorrências de 2010. A liderança brasileira só se confirma quando a análise é feita levando-se em conta os números absolutos, quando o País computou 43.909 homicídios. No mundo, durante o ano passado, foram assassinadas 468 mil pessoas.

A taxa de homicídios só tem diminuído em países da Ásia, Europa e América do Norte. Contudo, a quantidade de mortes violentas registra aumento na América Central e no Caribe, onde o envolvimento de armas de fogo está presente em 74% das ocorrências formalizadas. Na Europa, onde o fenômeno tem contornos distintos, objetos pontiagudos são as principais armas empregadas (36%) na eliminação de pessoas. O padrão de desenvolvimento continental não inibe a prática da eliminação física, típica do subdesenvolvimento.

Os pesquisadores das Nações Unidas estabeleceram conjeturas sobre o impacto da crise econômica mundial nos índices de homicídios e a sua relação entre o tráfego de drogas e o crime organizado. As conclusões apontam : a maior parte dos homicídios ocorre em países com baixos níveis de desenvolvimento humano e com elevados níveis de desigualdades. Há, também, no continente países mais pobres e com menores taxas.

Nas ilações sobre o Brasil, a pesquisa reforça um quadro repetido há três décadas sobre ser ele um dos líderes da violência regional, o mais populoso e o que mais investe em segurança pública: R$ 60 bilhões por ano, nas polícias estaduais, nos sistemas prisionais e nas Secretarias de Justiça.

O Ministério da Justiça reconhece não serem os dados disponíveis confiáveis, daí a decisão do governo de criar um sistema nacional de estatística e informação em segurança pública. Com a vigência desse novo padrão metodológico, a União deixará de repassar os recursos para os Estados que não informarem corretamente as estatísticas criminais. Para essa recusa, só há um argumento político: ninguém deseja carregar a bandeira de Estado mais violento.

 Fonte: Diário do Nordeste

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