Governador do Ceará sinaliza com a hipótese de migração de seu grupo político para o PROS, partido de apoio a Dilma Rousseff
SÃO PAULO - Único dirigente da cúpula do PSB a discordar da entrega de cargos do partido no governo federal, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), disse na manhã desta quinta-feira considerar que a medida foi tomada "com o fígado" e sinalizou com a hipótese de seu grupo político migrar para o PROS, partido em vias de criação que reunirá apoiadores da candidatura de Dilma Rousseff (PT) em 2014.
— Me deparo se devo fazer política com razão ou com a emoção. Eu estava enxergando ali, naquela hora, política com fígado, que não é recomendado. Aquela reunião refletiu muito fígado, muita mágoa, muita queixa e um momento pontual do partido — disse Gomes, em referência ao encontro da Executiva Nacional do PSB na quarta-feira, em Brasília, que sacramentou a entrega de cargos no governo federal.
O objetivo da medida foi dar mais autonomia ao plano do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), de se candidatar à Presidência no próximo ano.
Mesmo dizendo que "um partido que não tenha projeto nacional é um partido doente" e que não seja contra a candidatura do pernambucano ao governo federal ("ele tem todas as qualidades para ser um grande presidente", disse), o governador do Ceará disse ainda achar que a melhor opção era ter mantido a aliança com o PT para 2014.
— Defendo hoje a mesma coisa que o PSB defendeu em 2010. A gente deveria conservar o nosso esforço na preservação, que não vai ser fácil, de nosso espaço nos estados. E ampliar, a partir de entendimentos majoritários, nossa participação no parlamento. Muita gente confunde isso com hostilidade ao Eduardo Campos, não é — afirmou, durante encontro empresarial promovido pelo jornal “Estado de S. Paulo”.
Gomes disse ter recebido de aliados a sinalização de que desejam migrar para o PROS, partido que está em fase avançada de aprovação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo afirmando não cogitar, neste momento, sair do PSB, disse que este é um "momento de reflexão" e que vai aguardar "o desdobramento da decisão" de saída do governo federal para "conversar com outras pessoas".
— Eu fui procurado por algumas pessoas, no meu estado, alguns deputados e parlamentares, que estão desconfortáveis no partido em que se encontram e desejam mudar. Para que possam mudar sem o risco de ter recurso, ter perda de mandato, o que a legislação recomenda é que vá para um partido novo. A gente precisa ver primeiro se esses partidos vão ser formados — disse.
Gomes lembrou que enquanto o PROS será um partido pró-Dilma, o Solidariedade será pró-Aécio e o Sustentabilidade, pró-Marina.
— Isso será levado em conta. Os deputados Ceará que têm mais afinidade com a Dilma, e são os meus amigos, o caminho mais recomendado é o PROS — completou.
O político cearense lembrou que a decisão de entrega dos cargos do PSB no governo federal não se estende às alianças regionais do partido. E disse também esperar que o ministro dos Portos, Leônidas Cristino, um de seus principais aliados no governo federal, também entregue o cargo.
— Eu acato decisões do partido. Eu não tenho cargo no governo federal. Mas defendo obviamente que o ministro Leônidas entregue o cargo também — afirmou.
O governador do Ceará voltou a criticar os termos da aliança nacional entre PT e PMDB, apesar de considerar que "nenhum Executivo consegue governar sem ter uma base legislativa" e que "a complexidade do modelo requer algum pragmatismo nessa relação".
— (Mesmo) reconhecendo os avanços (do governo Lula/Dilma), a gente tem críticas. Essa coalizão entre PT e PMDB é uma coalização que nivelou por baixo. Tornou a política um espaço de poder pelo poder, e não o poder pela causa, por procurar uma mudança de vida para melhor da população — disse.
Com G1
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