Após escolher Serra em SP, PSDB busca alianças e mira PT
São Paulo - Após mobilizar mais de 6,2 mil militantes nas prévias do partido e gastar cerca de R$ 300 mil com a realização do pleito interno, o PSDB se prepara agora para fechar as alianças costuradas com partidos aliados em torno da campanha de José Serra, escolhido, no domingo, pré-candidato da legenda, com 52,1% dos votos. Embora atualmente lidere a corrida pela sucessão municipal - segundo pesquisa Datafolha -, Serra previu, em seu discurso após a vitória interna, que a briga até outubro não será fácil, e pediu que os militantes se empenhem nas ruas para elegê-lo. "Hoje temos um grau de mobilização muito alto para empreender uma campanha vitoriosa. Mas uma campanha que não será fácil", disse o ex-governador, em referência à disputa com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, pré-candidato do PT, que tem como principal "padrinho" político o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - dono de uma popularidade recorde. Serra derrotou os concorrentes Ricardo Tripoli (deputado federal, que teve 16,7% dos votos) e José Aníbal (secretario estadual de Energia, que recebeu 31,2% dos votos) e, após o resultado, recebeu o apoio de ambos - em uma demonstração do esforço que o partido faz para manter-se unido. O resultado, porém, surpreendeu a cúpula tucana, que nos bastidores estimava uma vitória "de lavada", com mais de 70% de apoio do eleitorado, o que não ocorreu.
Em seu discurso, Serra demonstrou que, como costuma ocorrer em São Paulo, a disputa pela prefeitura será "nacionalizada" e polarizada entre o PSDB, que tem a máquina estadual, e o PT, no comando do governo federal. "Eles (os petistas) se especializam na gritaria, na conversa mole, no uso da máquina pública para servir a aliados e a um partido. Nós nos especializamos no interesse público", disse. Na avaliação da cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), apesar do surgimento de novos nomes na eleição, não há dúvidas de que o embate maior será entre as duas legendas, já que, para o PT, conquistar a prefeitura seria vencer em um reduto ainda resistente ao partido. "Será uma dispua entre duas forças emblemáticas: de um lado o Serra e, de outro, o Lula. O PSDB não pode perder a prefeitura de São Paulo, porque isso representaria perder força em seu maior reduto político", avalia. Na avaliação dos tucanos, apesar de ainda estar "apagado", Haddad deve se fortalecer quando Lula entrar na campanha, o que deve ocorrer assim que o ex-presidente se recuperar completamente de um câncer na laringe e de uma pneumonia - o que, prevêem os petistas, deve ser bem em breve. Mas não é só a popularidade de Lula que é vista como uma ameaça para o PSDB, mas sim a articulação que o ex-presidente faz nos bastidores para atrair partidos próximos, como o PSB.
Enquanto o PSDB escolhia seu pré-candidato, Lula negociava pessoalmente com o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, o apoio à candidatura de Haddad, o que incomoda a cúpula tucana. "Nós vamos apoiar o candidato do PSB em Campinas, mas o PSB tem que nos apoiar aqui também", disse o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, para quem a aproximação do PSB com o PT é um "erro".
Briga pela vaga de vice
Oficialmente, o PSDB só fechou acordo com o PSD do prefeito Gilberto Kassab, que por muito pouco não engatou um "namoro" com o PT pouco antes de Serra decidir lançar-se candidato. Principal aliado de Serra, Kassab já tratou de deixar "à disposição" cinco secretários para concorrer à vaga de vice da chapa: Alda Marco Antônio (Assitência Social e vice-prefeita), Alexandre Alves Schneider (Educação), Miguel Bucalem (Desenvolvimento Urbano), Marcelo Cardinale Branco (Transportes) e Eduardo Jorge (único do PV, secretário de Meio Ambiente).
Por outro lado, ficar com a vaga de vice também é condição imposta pelo DEM para apoiar Serra, embora muitos tucanos acreditem que conseguirão atrair o partido de qualquer forma, já que a aliança com o PSDB garantiria mais espaço para os candidatos a vereador da legenda, enfraquecida após a desfiliação de Kassab e a fundação do PSD. O PSDB também trabalha para anunciar as alianças com PTB, PDT, PPS e PV.
Apesar da pressão dos aliados, a definição do vice só deve ocorrer após a convenção do partido, que deve ocorrer em junho deste ano. Até lá, o PSDB ainda estuda formar uma "chapa pura", indicando outro tucano para acompanhar Serra nas eleições - o que promete esquentar o cenário de disputa nos bastidores.
Fonte:JB
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