Voz de excluídos ecoa pelas vielas do Lagamar
As ruas estreitas da comunidade do Lagamar parece que iam ficando maiores, à medida em que os integrantes da 17ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas de Fortaleza passavam, portando cartazes, faixas e bandeiras, simbolizando as suas reivindicações.
A multiplicidade das reivindicações - moradia, saúde, trabalho e educação, entre outras - era materializada na heterogeneidade dos participantes - índios, negros, jovens, mulheres, homens, idosos e até bebês - a maior parte ligada às Pastorais Sociais.
Neste ano, os impactos das obras da Copa do Mundo 2014 sobre algumas comunidades, em especial a remoção de famílias dos seus locais de origem, foi um dos principais destaques da manifestação, que reuniu mais de mil pessoas. Com o tema "Pela vida grita a terra. Por direitos todos nós" os manifestante se reuniram às 8 horas, na Praça São Francisco.
Eles saíram em caminhada, percorrendo algumas ruas da comunidade, e realizaram duas paradas até chegar à Igreja da Sagrada Família, na Praça Padre Pasquale, no bairro Pio XII, finalizando o ato. "Queremos denunciar também a situação da Terra", destacou o padre Lino Allegri, da Pastoral do Povo da Rua. Destacou que enquanto "existir um excluído, estaremos realizando o Grito", disse, reconhecendo alguns avanços no cenário socioeconômico do Brasil, nos últimos anos.
O objetivo da manifestação, que acontece em todo o País, desde 1995, é dar voz àqueles que completam o mosaico social que forma o retrato das grandes cidades brasileiras. São os excluídos e excluídas, em outras palavras, aqueles que lutam para conseguir condições mínimas de sobrevivência. Mesmo sem saber precisar o número de excluídos em Fortaleza, padre Lino Allegri afirma que eles estão na periferia.
Excluídos
Os excluídos sociais são formados pela população de rua, crianças e adolescentes em situação de risco, índios e mulheres marginalizados, entre outros segmentos sociais. "São pessoas que não têm a dignidade valorizada", resume padre Lino Allegri, que chama a atenção para o problema das obras da Copa, em Fortaleza.
"Não somos contra a Copa, mas ela não deve prejudicar as pessoas". A notícia de que Fortaleza será cidade-sede da Copa de 2014 está tirando o sono dos moradores de muitas comunidades. A do Lagamar é uma delas, assim como a do Trilho, observa o religioso que diz ser possível realizar os trabalhos "sem prejudicar os pobres".
O representante da Pastoral da Juventude do Meio Popular, Jonas Santos, falou em nome dos jovens da periferia. "Nosso principal problema é a falta de trabalho". Destacou, ainda, a educação e afirmou que o movimento é solidário ao movimento dos professores.
José Olavo de Sousa, da Pastoral do Mondubim, denunciou a situação de 480 famílias que serão despejadas da comunidade Beira-Rio, devido às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Rio Maranguapinho.
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